Ansiedade é só o mal do século?

Gosto de cuidar e acho importante darmos atenção a todos os nossos sentimentos e emoções. E quanto mais conectados estamos conosco, mais possível é, enxergar o que precisa de manutenção.

A ansiedade, em si, não é doença, mas é um movimento comum, que todo mundo tem. Estar ou sentir-se ansioso faz parte do processo de “alerta” que o corpo tem em conexão com a psique. Para Rollo May, ansiedade “pode ser um clamor íntimo para a resolução de um conflito”. Ou seja, quando temos algo a resolver, ou algo pendente, algo que podemos até mesmo não estar reconhecendo, nosso sistema interno nos avisa.

Este sistema, conectado com nosso corpo, pode utilizar sinais físicos, ou, o que mais comumente chamamos de “sintomas de ansiedade”. Alguns destes sintomas podem aparecer como sudorese, tremores, coração acelerado, dor de cabeça, enjoos, e por aí vai, de acordo com cada pessoa. Sim, os sintomas têm suas características, mas também se apresentam de maneira individual, considerando que cada pessoa tem suas próprias experiências.

A ansiedade não é característica da pessoa em si, mas da relação desta pessoa em sua existência e o mundo, por isso, dizer que se é ansioso, é atribuir à pessoa o possuir que não cabe neste caso. Portanto, a ansiedade é uma situação existencial do sujeito no mundo, e por isso ele está na condição de ansioso.

Esta ansiedade da qual falamos, é uma ansiedade que pode ser experimentada por qualquer ser em existência.

Sobreviver existencialmente é necessidade de todo ser, buscando seguir em frente, diante das dificuldades, que com certeza irão aparecer. Faz parte da vida encontrarmos desagrados, desafetos e desilusões, e de acordo com nossa experiência de vida, isso pode ser mais fácil ou mais difícil para nós. Uma das coisas mais importantes, é, reconhecer esta ansiedade, e não fugir dela no momento em que se faz necessário percebê-la e enfrentá-la, já que se “toca um som” de alarme, é preciso buscar identificar o motivo que o fez disparar. Por isso, fugir da ansiedade é fugir de si mesmo e dos conteúdos que provocam tal “desregulação” emocional.

Cuidar da ansiedade, é encontrar em si mesmo respostas aos questionamentos que sequer fazemos, por intenção de fugir deles. Por isso, nem sempre podemos dizer que nunca mais “teremos ansiedade”, já que é impossível também extinguir as dificuldades que enfrentaremos na vida. Mas se tivermos coragem de encarar por problemas, de frente, podemos melhorar a vida ao ponto de eliminar o foco, antes do sistema de alerta disparar. Isso sim é saúde proporcionada pelo autoconhecimento.

É importante salientar, no entanto, que a ansiedade, presente em todo ser humano, enquanto emoção, pode se tornar uma doença, quando não recebe a atenção que merece. Quando não a reconhecemos, ou cuidamos dela, pode se tornar um transtorno, ao qual chamamos Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), que não é o mesmo que sentir ansiedade, e necessita de acompanhamento psicológico e psiquiátrico, muitas vezes com intervenção de medicamentos, no tratamento (outra hora trarei um conteúdo mais aprofundado sobre TAG aqui). A ansiedade é então uma vilã? Um mal? Talvez seja um sistema de segurança, onde podemos nos apropriar de nós mesmos, se considerarmos ligar os pontos e estar conectados com o que acontece conosco, para o bem e para o mal.

Acredito que o caminho esteja aqui: se conectar com que você é, ao ponto de reconhecer e saber lidar com quaisquer situações possíveis que te aconteçam. É fácil? Não! Mas é possível...Se você quiser!

Laura Pereira Teodoro

Psicóloga

CRP 06/146318

Compartilhando com você minha visão de homem e de mundo através da psicologia.